terça-feira, 29 de novembro de 2011

Humanos Reflexivos

Somos apenas espelhos turvos:

Sempre refletimos,
Um tanto desfocados,
O olhar dos outros;

Os mais diferentes
São os que mais se veem;

Os mais parecidos
Parecem apenas um;

E apenas os mais despedaçados
Estão mais firmemente unidos,
Depois é impossível separá-los.

Espírito da Vida




Um dia, estava a imaginar sozinho:
"Por que o homem julga-se superior?"
Trilhei em palavras longo caminho
Para, enfim, estes versos compor.

Desde já peço desculpas a quem
Nenhuma beleza aqui encontrar,
Inspiro-me no bicho homem,
O que você poderia esperar?

Frágil e triste criatura nojenta,
Pensas que tudo cabe na mão.
O que a tua vida aqui representa
É pura capacidade de destruição.

Bizarra criatura estúpida e fraca,
Veja só o que propicia-te viver:
Para comer, tens de matar à faca
E isso, nunca arrepende-se ao fazer.

Para ter abrigo, não é diferente,
Novamente tens que destruir.
Até há quem o faça ciente,
Mas, é necessário construir.

Cavas fundo atrás de dinheiro
Para jogá-lo depois na natureza.
Jogas lixo e excrementos no rio,
Cobres de merda toda a beleza.

Todos, sem exeção, são culpados,
Não tenhas dúvidas nesta questão.
Desde os que são escravisados,
Por trás de mesas ou um balcão.
E os paralisados com medo.
E os espertos e picaretas.
Se existem imbecis no comando,
Culpado é quem baixa a cabeça.

Terror, poluição... destruição,
É apenas isso que buscas: a guerra!
Se apenas este é o poder da tua mão
Escolham o inferno ou o céu e vão,
Libertem a terra!

sábado, 26 de novembro de 2011

A Humanidade

Sejamos sinceros:
A humanidade,
Hoje,
É um mero
Aglomerado
De loucos.
Não são poucos
Os imbecis
Que, com leis infantis,
Tentam
Realizar aqueles sonhos
Que guiam
Os seus pesadelos medonhos
Quando estão acordados.
Ser humano é complicado!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sem Coleira

O cão sem dono
Saia na hora do sono
Tentando encontrar
O seu devido lugar
Em algum jardim.

Quase no fim
Pensou consigo:
Quero um amigo
Que seja verdadeiro,
Buscarei no mundo inteiro!

Traiçoeiros caminhos
Percorridos, sozinho
Ele os enfrentou.
Num deles, parou.
Olhou para trás.

Pensou: Não dá mais!
Tanto faz, como tanto fez,
Talvez não fosse a vez,
Não via onde parar.
O que vou alcançar?

I

Já quase a desitir,
A força a esvair,
Viu-se, então,
Numa coleira com brasão,
Que friamente dizia:

"Acabou a folia!"

Palavras estranhas.
Olhou as montanhas,
Não podia alcançá-las.
Agora, carregava malas.

"Cala-te agora,
Cão sem senhora,
Sou eu o seu patrão,
Guarde o meu coração,
É o mais puro e frágil!"

E o cão, muito ágil,
Partiu para a labuta.
Mulher ou puta,
Ela agora o domava.
E ele gostava.

Estava, novamente,
Feliz e sorridente.
Agora havia alguém
Que queria-lhe bem...
Foi o que pensou.

O destino chegou,
Ele pôs-se em guarda,
Levantou a cauda
E latiu bem, não latente,
Contra o perigo iminente.

Contente pelo trabalho -
Era bom quebra galho -,
Viu-se capaz de ajudar.
Mas, pôde julgar,
Não fora valorizado.

Sentiu-se cansado
E parou por curiosidade,
Pensando ter liberdade,
E logo sentiu um solavanco
Da prisão, seu colar branco.

No entanto, estava feliz,
Era o que ele sempre quis.
Já não era cão sem dono,
Protegia agora algum sono.
Mesmo perdendo o seu.

O medo na mente morreu.
Fazia tudo o que ela pedia,
Dia quente ou noite fria,
Realizava a sua função.
Até que então...

Não entendeu aquilo.
Estava feliz e tranquilo
Até apanhar sem culpa.
A dona tomou até multa
Pelos maltratos ao bicho.

II

Foi jogado no lixo,
Sem coleira ou corrente,
Só a liberdade pungente
Agora estava lá.
Era a hora de retornar.

Seu lar, abandonado,
Estava em tal estado
Que foi preciso abrir
Caminho para subir
Até a alta entrada.

Sem dono, um nada,
A barriga inchada
Da falta de alimento,
O cão, neste momento,
Pensou na outra vida.

Esquecidas as dores,
Viu novos jardins e flores
E, desta vez, ao menos,
Sentiu-se pleno.
Pensou não precisar amar.

III

Um dia, a caminhar,
Resolveu amar a tudo.
Perturbou seu lado mudo
Até poder ouví-lo,
Cansado de apenas sentí-lo.

Ao ver um mudo gritar
Pôs-se, então a pensar:
Tudo é possível,
Como é incrível,
Bastava apenas amar.

E parou de duvidar
Sobre sobre a sua dívida.
Não teve uma idéia lívida.
Ele devia amar o mundo,
Não um coração vagabundo.

No fundo, esta idéia,
Protegida como colméia,
Sempre estave lá,
Difícil era acreditar.

Agora, ainda sem dono
Ou sem velar algum sono,
Este cão vive feliz,
Com a liberdade que quis.
Ama as flores, folhas, madeira...

Só sente falta da coleira.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Sonhada Paz

Estou perdido, não aguento mais lutar,
Deixarei a correnteza traiçoeira me levar.
O ar devagar me queima os pulmões;
O mal e o desejo de extinção são leões.

Numa vida pútrida de más vontades,
Dúvidas, erros, medo e meias vedades,
É realmente muito difícil de entender
O que anima as outras pessoas a viver.

Hoje, não quero ver a sonhada paz.
Hoje eu quero estar vivo, nada mais.
Agora não quero mais apenas amar,
Quero desfrutar o prazer de controlar.

Quero saciar o meu desejo possuir.
Quero sexo, drogas ou apenas sorrir.
Vou, agora, viver a vida sem freios,
Sem me importar com sonhos alheios.

Abro, aqui, mão do amor dos poetas
Que abandonam as suas frias metas
Para amar sem importar-se consigo.
Vou amar a quem quiser voar comigo.