sexta-feira, 27 de abril de 2012

Este mundo
É um buraco profundo
Onde imbecis,
Meros fracos e infantis
Buscam encher
O vazio que é morrer
Tristes, perdidos
Em sonhos esquecidos.

O fim do mundo,
Este pensamento imundo,
Só é pregado
Por quem o tem piorado.
Nada está
Fora do seu devido lugar.
Amor,
É a única coisa de valor.

No escuro,
Dormia o ser inseguro
E Prometeu
O fogo sagrado nos deu.
E o ser humano
Tudo foi desvendando.
A razão sagrada
Nos revelou a estrada.

Temíamos bichos
E adorávamos os lixos,
Animais divinos,
Pregados aos meninos.
Aqui agora,
Nosso poder vigora.

Apenas controlamos
Aquilo que conhecemos.
E só não conhecemos
A nós mesmos.

É que ainda falta morrer
A última fé que se vê
No que não vemos.

Devemos
Acreditar em nós mesmos.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A Bússola da Vida

Acredito em um Deus
Que fez-me como sou
Para fazer o que faço
Da maneira que sei.

Todos teem um Deus,
Várias faces ele tem
E convém usar todas
Para expor a sua lei.

Cada um segue a ordem
Que vem-lhe do berço
E do ventre materno,
A bússola da vida.

O bom Deus é o que o fez,
Enquanto o maldito,
Forte ladrão deprevado,
O amedronta.e trucida.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Naturalidade Feminina

Antigos ancestrais reviram-se nos túmulos
Diante do maior entre todos os cúmulos:
A luta contra o que realmente se é.

Todos os mais belos dos caixinhos vídicos
Da vigorosa videira de frutos físicos
Viraram vassouras de limpar o pé.

Aqueles mais sedutores e frágeis caracóis
Deixaram as cabeças femininas a sós,
Despidas do escudo da naturalidade.

Cabelos lisos podem até ser muito legais,
Existem outras várias coisas anormais,
Pena que nem sempre são de verdade.

Faço o mais poético pedido à todas vocês:

Abandonem este preconceito de uma só vez,
A beleza não encontra-se apenas no salão.

Beleza, se alguém poder comigo concordar,
É apenas mais uma questão de pura opinião
Cada beleza distinta ocupa o devido lugar.

Seja bela, e não apenas mais uma qualquer.
Homem, realmente, admira inteira a mulher,
Não uma boneca, com os cabelos de madeira
E fedendo como um bode a venda numa feira.

terça-feira, 3 de abril de 2012

O Desespero de Lolita

Lolita caminhava
Sozinha e procurava
O lugar onde guardara
As coisas que mais amava.

Diante de um espelho
Parou e pensou:
Qual vestido ficará melhor,
O preto ou o vermelho?

Seu corpo, semi-nú,
Sem sutiã, calcinha azul,
Quase que hipnotizava.

O que ela precisava
Estava alí, diante dos olhos:
Era o seu corpo perfeito.

Suas formas,
Sob as mais exigentes normas
Da natureza masculina,
Obra que facina,
Eram cópias das da mais bela Vênus
Esculpida pelos velhos romanos.

Seus olhos, tênues,
Exibiam traços inumanos.
Lembravam traiçoeira serpente
Pronta para atacar, de repente.
Desejava, apenas,
Devolver o mal sentido.
Descansaria após ter retribuído.

Maus pensamentos, centenas,
Passavam em sua mente.
Sequer parecia uma criança inocente,
Tal qual era.
Era o monstro de alguma quimera.

Seu duro coração de pedra, inquebrável,
Chegou a bater, por tempo considerável,
Levando-a a pensar que estava a sentir.
Entretanto, seu modo de agir,
Durante todos os seus anos,
Mostrou o seu imenso egoísmo.

Ela nunca fez planos.

Como manda o modismo
Da sua insensível fase,
Queria, como diz a frase:
"Se dar bem!"
Porém,
Isso nunca aprendeu.

Esperava que tudo
Que merece neste mundo
Caisse do distante céu.

Não pensava em sua velhice,
Apenas na imundície
Que servia-lhe de exemplo.

Sentia, por dentro,
Que ela era comum,
Apenas vulgar.
Apenas mais um
Que não encontrou o lugar.

E, então, Lolita viu -
Ou melhor: sentiu -
Aquilo que precisava.

Descobriu que não amava.
Que ainda brincava com bonecas.
Era apenas mais uma destas
Inocentes crianças
Que brincam com armas.

E todos os seus carmas
Ficaram-lhe claros.

Percebeu, alí,
Que os mais caros
São os itens mais raros.

E só alí pode sentir:
Tornara-se apenas mais uma
Que desaparece após um banho de espuma.

domingo, 1 de abril de 2012

Notícia Extraordinária!!!!!!!

Nesta manhã de Domingo,
Dia 1º do mês de Abril,
Foi encontrado morto,
No leito de um rio,
O infame poeta
Ítalo Cunha.

As testemunhas afirmam,
Pescadores e curiosos,
que, segundo viram,
Em brados furiosos,
Ele apenas chegou
E então pulou.

A família do firme finado,
Lavados com lágrimas,
Comentou o triste fato,
Em palavras trágicas,
Em meio à suspiros
Ressentidos.

E, no entremeio, sorrindo,
Estava o próprio morto,
Deitado lá e curtindo,
Com todo seu gosto,
A fuga deste mundo
Triste e imundo.

O mais extraodinário,
Sem margem para comentário,
É que, pode acreditar,
Esta terrível estória,
Sem nenhuma glória,
Ele mesmo acabou de contar.