sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A Bela e a Rosa

Curvada,
A bela rosa contemplava
Os belos lábios a tocá-la.

Seu perfume
Roubava-a, despertando ciúme
Nos que veneram seu lume.

Doce mistério,
Estes pensamentos quiméricos
Percorrendo a mente atrás do brilho.

E eu, a contemplar
A beleza da rosa a murchar
Vendo a outra a desabrochar.

Seriam as rosas invejosas?
Outro mistério a sondar...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

No Templo dos Sentimentos

Que belo dia para passear! -
Disse o Tédio para a Dor.

Vamos passear entre os humanos! -
Gritou de longe o Terror.

O Terror só vai para os fracos -
Disse o Tédio, meio cismado.

Os imbecis são uma ótima idéia! -
Disse a Dor, que não havia se mostrado.

Sempre a favor de tudo, esta mocréia -
Disse o Tédio, ainda cismado.

Ela e a esperança só andam com o derrotado -
Acrecenta ainda o Terror.

Será que poderemos convidar a Razão?
Ela prefere o solitário e o vencedor -
Novamente, o Tédio levanta a questão -
Poderíamos chamar o Amor também -
Continuou, mesmo sem perceber.

Ele sempre ignora a Razão, vai correr -
Disse a Dor, que o conhecia muito bem -
Sem falar que a Loucura é sua irmã de criação.

O Tédio olhou, como a perguntar: "Falta quem?"

Não falta alguém, podemos ir agora? -
Disse ele, após longo tempo.

A Razão, como sempre, demora -
Disse o Terror, exagerando um tanto -
Não vê que é quase aurora!

Aí vem, mas, quem será que está com ela? -
Perguntou o Tédio, como a toda hora.

É a Confiança, seu imbecil!

Que ingrediente falta nesta panela? -
E o perguntador quase chora.

Ficar perto da Dor é que é difícil!
O Terror sempre está na minha frente,
Mas a Dor é difícil de suportar -
Disse a Confiança, olhando de longe.

Se ela ficar, ninguém irá -
Ponderou a Razão -
Ela foi a primeira a ser convidada.

Então, vão o Amor e a Loucura também -
Disse a Dor, presente em toda discussão.

A Dor sempre piora as coisas. E o Desdém? -
Perguntou o Tédio, para variar.

Bem, a Dor sempre me convida,
Junto com o Tédio, para passear.
Mas a Esperança, ao ver-me, foge na certa -
Advertiu a Razão, com a Confiança a seu lado.

Aí, foi uma confusão completa.

Só podia ter sido idéia do Tédio, esse frustrado -
Exclamou a Dor, para desistirem da meta.

A Razão foi a primeira a despedir-se,
Com a Confiança sempre ao seu lado.
Sequer esperou a Esperança acalmar-lhes,
Mas, vendo o Amor e a Loucura, ficaram parados.
O Desdém vinha logo atrás, a seguir-lhes.

Há um lugar que quero que vocês conheçam -
Disse o Amor, ao chegar, em atitude indiscreta -
O lugar onde todas as nossas vidas começam,
A ilimitada mente de um poeta.

Está maluco? Eu é que não volto para lá -
Disse o Tédio, muito assustado -
Ele sempre tem papel e caneta para me expulsar.

E outro caos foi iniciado.

E, quanto a um filósofo, um pensador? -
Soou distante a voz da Razão.

E, foi logo gritando a Dor:
Nem ele, nem o inconsequente, definitivamente não!

O Terror, seu amigo, logo concordou:
É verdade, não dão a mínima atenção a nós!

Então, agora, o que restou? -
Pergunta o Tédio, que, só na paz, levanta a voz.

Poupem-me da maioria, os comuns são muito estúpidos -
Falou a Razão, muito desdenhosa.

Pessoal, para que conflitos? -
Interrompe o Amor, em voz manhosa...

Até que tanto durou a discussão,
Que realmente chegou a aurora,
E, vendo impossível tal excussão,
Cada qual tomou seu rumo e foi para fora.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Valor de um Irmão

Muitas pessoas não sabem,
Muitos sabemos muito bem --
Motivo desta explicação --
Como é, deveras, ter um irmão.

Com certeza você vai odiar,
Como a tudo feito para incomodar,
Ter de dividir o amor e a atenção
E todo o mundo que conhecemos até então.

E aprendemos a dividir desta forma
Na delicadeza brutal da natureza que molda.

Logo cedo aprende-se o poder da barganha:
Quem a tudo sempre compartilha, nada ganha.

Também vemos até onde confiar em alguém:
É na pura realidade que irmão vivem.

Depois de eternos e estúpidos conflitos
Ambos tornam-se um, fixamente unidos.
E tudo isso vai, e tudo isso volta...
Ódio, amor, inconsequência, revolta...
Como o ciclo das estacões de um ano.
Atração e repulsa no mesmo caldo isano.

Daí vem o tempo e o contar dos dias,
Com suas inúmeras navalhas duras e frias,
Por distância entre o que antes era um,
E tornar raro tudo o que antes era comum.
A redoma de ódio e revolta então estoura.
Só a ausência tem vida saudável e duradoura.

Então, vem a saudade,
Com seu duro alicate,
Apertar nosso coração...
Uma vida, é o valor de um irmão.

sábado, 24 de dezembro de 2011

A Bela e a Janela

Deitada, ela abriu aquela janela,
Que mostrava este nosso mundo
Que já foi, mas que lá ainda era.

Sob as linhas, o olhar profundo
Vivia uma vida vivida lá, na mente,
Um novo pensar a cada segundo.

Surpreendentemente,
Alí, descobria,
Que sempre podia,
Toda hora ou dia,
Passear pela janela infinita,
Pela imensa janela da vida
E lá, nunca estaria só:

Estava totalmente rodeada
De várias outras vidas em pó.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Algumas Verdades

O viver é somente um ponto de vista.
Sentimento é um instinto socializado.
A derrota caminha ao lado da conquista.
A verdade: ilusão do todo, mundo sonhado.

Os bons ajudam para saciar um vício:
Serem bons, quando dá ou lembram.
Os maus controlam o desperdício
Fazendo o que seus deuses mandam.

Morrer é retornar para de onde se veio,
Voltar às entranhas da mãe natureza.
No fim de tudo, não há nada de feio.
A vida e a morte é uma única certeza.

Coisas que Devo Fazer

Perder o medo;
Dizer que a amo;
Ser bom com as pessoas...
Com uma mente que dela mesma caçoa?

Ter atenção, concentracão,
Praticidade, o corpo são,
Velocidade, manter o equilíbrio...
O que foi construído, deve ser destruído?

Estudar, dormir, acordar,
Sorrir, iludir-se, sonhar...
Nenhum tempo para pensar
E menos ainda para executar.

Controlar a mente...
Conhecer o corpo...
Isso soa distante.
Será que estou ficando louco?

Bem melhor é aproveitar o presente,
Desta forma eu nunca me distraio.
Se não tento ver além do horizonte
Vejo as pedras do caminho, assim, não caio.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Infinidade

Onde começa  um caminho infinito?
Onde demos o primeiro passo?
Quando começamos a viver?
Saberemos vivos ou quando morrer?

Antes do primeiro passo dado
Já estávamos a caminhar?
Tudo está em movimento ou parado?
Depois do úlimo passo, ainda vamos andar?

Quem foi o primeiro a questionar-se?
Qual foi a primeira questão?
Como a vida simplesmente nasce?
Existe criador, criatura, destruição?

Tantas perguntas sem respostas.
Tantas pessoas perguntando,
Outros dando as costas
A um questionador passando.
Será que a verdade está chegando?

O Belo e o Feio

Ah, o belo e o feio!
Fáceis de observar,
Difíceis de separar,
E há quem julgue sem receio...

O mais sublime perfume
E delicadeza de uma flor,
Alimentam-se do fedor
Nauseabundante do estrume...

Toda busca à sublime
Essência do puro amor
Vem da solidão, terror.
Não há paixão que não o ensine.

Qual será o criador,
É o bom ou o mal,
Se a doença letal
Ele mesmo criou?

Belo e feio, difíceis de separar.
Apenas os tolos podem julgar,
Não sabem o que é raciocinar.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Mais que Uma Palavra

Já amei a tudo outrora:
A vida, a noite, a aurora,
Algo sério, a sorrir...

Aí, fui crescendo,
Aos poucos ficando humano.
Quando criança, sabia sentir.

Sabia amar, mesmo o feio,
Minha vontade não tinha freio,
Nem eu temia a realidade.

Sucumbia a qualquer beleza,
Maravilhava-me a natureza,
Mal conhecia a vaidade.

Confiava em pessoas
E coisas que julgava boas.
Ainda lembro, sabia amar.

Sentimento era mais que palavra.
Minha amante não era escrava.
Então cresci, só resta lamentar.

Um Ser Que Ama Quimeras

Enquanto poetas amam,
Cuidam e idolatram
As suas belas musas,
Espertos tiram suas blusas.

Enquanto poesias,
Quentes, duras ou frias,
Prenchem o palpel,
O ser amado
Cai do céu,
Acompanhado.

Quando todo o carinho
Cai na terra sozinho,
Falsa semente de amor,
Faz brotar mais uma dor.

A única forma real
De um amor nascer
É plantar algum mal
E esperar para colher.

Amor verdadeiro,
Não um sonho ligeiro,
Nasce apenas do perdão
Do conquistado coração.

Assim, evoluímos:
Pouco a pouco, a cada dia,
Nos vamos reprimindo
Por amar uma musa fria.

Por que devemos maltratar
O ser que desejamos amar?

Sei-lá, são as regras do jogo,
Perder, novamente, é fogo!

O melhor é parar de jogar

Isso é um poeta, deveras,
Um ser que ama quimeras.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Soneto Para uma Prostituta

Estar em seus braços vivifica-me,
Realizo todas as minhas fantasias.
Viver, sem você, é estar em ruínas.
A tua presença é que me fortalece.

Conforto é tudo o que me trazes
Ao percorrer todo o meu corpo,
Num mundo infantil, muito louco,
A deriva nos seus próprios males.

Beijo-te suavemente, sentindo-a
Inflamar a minha mente alucinada.
Sucumbo completamente a este prazer.

Tens sido vítima de várias calúnias,
Homens que tratam-na como as outras.
Coitados, não podem ver, estão a perder.

Não Sei

O que seria ser bom?
Não fazer mal a outro?
Agir apenas como um louco?
Seria apenas um dom?

É previlégio de poucos?
Dos que só veem os seus?
Ou dos que ficam roucos,
Pregando a palavra de Deus?

Seria não amar a própria vida?
Fazer seu espírito perecer
Buscando um egoísta não ser?
Apenas esperar a hora da partida?

Matar a todos os seres humanos,
Libertar esta nobre natureza?
Se alguém aí tiver bons planos,
Acho a idéia uma beleza!

Sem dúvida, ser bom é ser nobre.
Então, juntarei bastente dinheiro -
Serei Deus, neste mundo inteiro,
E chamarei o Diabo de pobre!